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domingo, março 23, 2008

Unidade é dom que deve ser acolhido, alerta pregador do Papa






Na homilia da Sexta-Feira Santa na Basílica de São Pedro




Por Marta Lago

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 21 de março de 2008 (ZENIT.org).- Antes que uma meta, a unidade é um dom que deve ser acolhido: é «a feliz notícia a proclamar na Sexta-Feira Santa», e assim o fez o pregador da Casa Pontifícia nesta tarde, na Basílica Vaticana, ante Bento XVI.

A celebração da Paixão do Senhor é a única liturgia que o Santo Padre preside sem pronunciar ele mesmo a homilia. É uma tarefa que se reserva neste dia ao pregador apostólico, o Pe. Raniero Cantalamessa, O.F.M.Cap., que aprofundou na responsabilidade do caminho rumo à unidade dos cristãos.

Após a leitura da Paixão segundo o evangelho de João, o pregador do Papa chamou a atenção sobre a túnica de Jesus, «tecida de alto a baixo, não tinha costura», de forma que os soldados, após a crucifixão, a sortearam.

A túnica é símbolo da unidade da Igreja – recordou o Pe. Cantalamessa: «nós, homens, podemos dividir a Igreja no seu elemento humano e visível, mas não a sua unidade profunda, que se identifica com o Espírito Santo».

E assinalou: «a unidade dos discípulos é, para João, o propósito pelo qual Cristo morre», além de que, na Última Ceia, o próprio Jesus orou: «Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra crerão em mim. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste».

«A feliz notícia a proclamar na Sexta-Feira Santa é que a unidade, antes que um objetivo a atingir, é um dom recebido», deduziu o pregador do Papa.

A túnica de Jesus «tecida de alto a baixo» também «significa que a unidade trazida por Cristo provém do alto, do Pai celeste, e não pode, então, ser rasgada por quem a recebe, mas deve ser acolhida integralmente».

Mas a unidade deve ser «também visível, comunitária»: esta é a unidade «que foi perdida e que devemos recuperar» – indicou o Pe. Cantalamessa; «brota da comunhão do amor entre Pai, Filho e Espírito Santo», e está no poder de Deus decidir quando se realizará.

«Também hoje virá o Espírito Santo, se nos deixarmos guiar, para conduzir à unidade», afirmou.

E convidou a constatar como, «em escala mundial», «Deus infundiu seu Espírito Santo, de modo novo e raro, sobre milhões de fiéis, aparentemente em quase todas as denominações cristãs», derramando-o «com as mesmas idênticas manifestações».

«Não é este um sinal de que o Espírito impele a reconhecer o episódio como discípulos de Cristo e a tendermos juntos à unidade?», propôs.

«Esta unidade espiritual e carismática, é verdade, não basta»; o Espírito Santo atua também através do «ecumenismo doutrinal e institucional», mas este não avança se, por sua vez, «não for acompanhado por um ecumenismo espiritual», coisa que repetem insistentemente os «máximos promotores do ecumenismo institucional», refletiu o Pe. Cantalamessa.

«O ecumenismo espiritual nasce do arrependimento e do perdão e se alimenta com a oração», além do que a unidade dos discípulos «deve ser reflexo da unidade entre o Pai e o Filho; essa deve ser, antes de tudo, uma unidade de amor, porque tal é a unidade que reina na Trindade», sintetizou.

«Não podemos «pular etapas» em relação à doutrina, porque as diferenças existem e serão resolvidas com paciência nas sedes apropriadas». «Podemos, ao contrário, pular etapas na caridade, e estar unidos, a partir de agora» – advertiu: a via para a unidade baseada no amor «está aberta para nós», algo «extraordinário».

E «entre cristãos, amar-se significa olhar juntos na mesma direção, que é Cristo», precisou.

Isto é chave porque, segundo o pregador do Papa, percebem-se «dois ecumenismos»: o da fé e o da incredulidade.

O primeiro «reúne todos aqueles que crêem que Jesus é o Filho de Deus, que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, e que Cristo morreu para salvar todos os homens»; o segundo «reúne todos aqueles que, desprezando o símbolo de Nicéia, continuam proclamando esta fórmula, mas esvaziando-a de seu verdadeiro conteúdo», lamentou.

Daí sua advertência: «a fundamental distinção entre os cristãos não é entre católicos, ortodoxos e protestantes, mas entre aqueles que crêem que Cristo é o Filho de Deus e os que não crêem nisso».

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