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quinta-feira, maio 14, 2009

INFALIBILIDADE PAPAL

INDICE

" Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem". I Timóteo 2:5 "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos". Atos 4:12

Olá professor Orlando, como tem passado?

Li essa matéria no site do ICP e achei que gostaria de lê-la também. As considerações do senhor são bem vindas. Abraços, José Luiz.

Ano 04 - nº 28 Novembro 2000

Revista de Apologética do Instituto Cristão de Pesquisas - ICP INFALIBILIDADE PAPAL E ECUMENISMO SOB A ÓTICA EVANGÉLICA Fausto Rocha Leia matérias anteriores

Recentemente, num gesto elogiável de humildade cristã, e de coerência, o Papa João Paulo II pediu perdão a algumas comunidades, em nome da Igreja Católica Romana, por atos e omissões da Igreja e, portanto, de papas anteriores. Infalível, só Deus

Sou cristão evangélico e tenho lido, com consideração e respeito, artigos escritos por autoridades da Igreja Católica Apostólica Romana. Um desses artigos afirma: O que distancia os cristãos é o não reconhecimento do primado de jurisdição dos papas sobre toda a Igreja, a sua infalibilidade... e Que os papas sejam os legítimos sucessores de Pedro como bispos de Roma, é reconhecido ... pelos Evangélicos conhecedores da história1.

Desejo, então, analisar se as seguintes afirmações, e as correspondentes citações bíblicas, podem nos levar a uma compreensão melhor do que Deus pode estar querendo nos revelar:

Será Pedro ou o próprio Jesus a pedra angular sobre a qual a Igreja foi instituída? Lendo a Bíblia, poderemos compreender o contexto em que a frase de Jesus foi dita em Mateus 16.15-18: Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro respondendo, disse: Tú és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi a carne e o sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Em 1 Pedro 2.5-7 é Pedro mesmo quem reconhece e afirma que Jesus é a pedra angular, a pedra que vive... e quem nela crer não será confundido. Paulo diz aos Efésios: Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas,de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor (Ef 2.19-21). Todos os livros da Bíblia apontam claramente para Jesus, o Messias prometido. Ele é o Salvador, o dono da Igreja. Ele disse: edificarei a minha igreja (Mt 16.18).

O catolicismo romano deseja que aceitemos, além do primado do papa sobre todos os cristãos, a infalibilidade papal. Na verdade, a Igreja Católica Romana só adotou essa doutrina a partir do ano 1 076. Até então, nem ela própria cria na infalibilidade do Papa. A infabilidade papal relaciona-se com declarações de fé ou moral e, nesse particular é sabido que os papas entre si divergiram doutrinariamente. A propósito, a história registra vários exemplos de contradições doutrinárias entre os papas: Libério (358 AD) consentiu na condenação de Atanásio e fez profissão de fé ariana. Leão I (440-461) declara em seu Tomo em 13 de junho de 449 que Maria possui a culpa do pecado: ... O Senhor, tomou da mãe a natureza, não a culpa2 , no entanto Pio IX declara em 1 854 o dogma da Imaculada Concepção de Maria.

Gregório I (578-590) chama de anticristo a qualquer que tomar o nome de Bispo Universal3, aqui estão apenas alguns exemplos. Sobre a fabilidade humana lemos na Bíblia: ...sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso... (Rm 3.4). Recentemente, num gesto elogiável de humildade cristã, e de coerência, o Papa João Paulo II pediu perdão a algumas comunidades, em nome da Igreja Católica Romana, por atos e omissões da Igreja e, evidentemente, de papas anteriores. Infalível, só Deus, o imutável Deus de amor e de justiça : o mesmo ontem, hoje, e eternamente (Sl 90.2; Is 40.28; 41.4; 43.10-13; Hb 9.14; 13.8).

Eis a afirmação católica romana : Que os papas sejam os legítimos sucessores de Pedro como bispos de Roma, é reconhecido tanto pelos ortodoxos cristãos do Oriente separados de Roma, quanto pelos Evangélicos conhecedores da história4. Quanto aos ortodoxos cristãos do Oriente separados de Roma, é possível que aceitem. Porém, como Deputado evangélico por 16 anos, andei por todo este Estado de São Paulo e estive diversas vezes com os mais ilustres líderes das principais denominações evangélicas e não encontrei um só Pastor que reconhecesse o Papa como legítimo sucessor de Pedro. Reconhecemos, sim, as inegáveis virtudes pessoais de João Paulo II e o respeito com que é recebido em todo o mundo. No entanto, continuamos biblicamente preocupados com a idolatria, à qual o Senhor abomina (Ex 20.4-5), e com os acréscimos à Palavra de Deus, condenados seriamente (Ap 22.18), como, por exemplo, a teoria do purgatório, que não existe na Bíblia, e foi decretada em 1439. A autoridade maior da Igreja é Jesus Cristo.

A BÍBLIA É CRISTOCÊNTRICA E OS QUATROS FUNDAMENTOS DA REFORMA PROTESTANTE CONTINUAM PERFEITAMENTE ATUAIS.

O desejo inicial do Padre Martinho Lutero não era o de romper com a Igreja Católica, mas transformá-la e fazê-la voltar aos princípios bíblicos. Os quatro fundamentos principais de suas 95 Teses, afixadas em 1 517 na porta do Castelo de Wittenberg, onde eram pregados os avisos da Universidade Católica em que lecionava Teologia Bíblica, são:

I-) Só pela Bíblia. Autoridade absoluta da Palavra de Deus. Não ao sincretismo - a incorporação de tradições locais, de diversos países, geralmente advindas de fontes pagãs, aceitas no mesmo nível da Bíblia pela Igreja Católica.

II-) Só pela fé. ... sois salvos, por meio da fé ... (Ef 2.8).

III-) E pela graça. Porque pela graça sois salvos... (Ef. 2.8). ...mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6.23); Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8-9). As obras não são condição para a salvação, mas sim reflexo daquele que é salvo e pratica boas obras como fruto do amor de Jesus em sua vida.

IV-) Só por Jesus - Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho,e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6). Aquele que crê no Filho tem a vida eterna... (Jo 3.36). Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (1 Tm 2.5).

Faz quase 500 anos que essas verdades bíblicas foram proclamadas com toda a clareza e força de convicção que as justifica, e até hoje os católicos ainda não pararam para pensar seriamente nelas, e nem apresentaram a fundamentação bíblica daquilo em que preferem crer, como as orações pelos mortos, introduzidas no ano 310; acender velas, no ano 320; adoração de santos, cerca do ano 375; água benta, no ano 840; canonização de santos, no ano 993; celibato, no ano 1 074; infalibilidade do Papa, no ano 1 076; Terço, no ano 1 090; Sete Sacramentos, no ano 1 140; A venda de indulgências, no ano 1 190; o dogma da transubstanciação e o confessionário, no ano 1 215; Ave Maria, no ano 1 316; o cálice determinado só para o clero, no ano 1 415; Purgatório, no ano 1 439; oficialização da tradição católica romana no mesmo nível que as Escrituras Bíblicas, no ano 1 546; meia dúzia de livros apócrifos incluídos no Cânon Bíblico, no ano 1 546; a conceição imaculada da virgem Maria anunciada, no ano 1 854 e a ascensão da virgem Maria, no ano 1 950

A respeito dos santos da Igreja Católica Romana, lemos na Bíblia: Porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo (1 Pedro1.16). Nós devemos ser santos, pedindo a graça de Deus para dedicar crescente santidade de vida ao Senhor. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas embaixo da terra. Não te encurvarás a elas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso....(Êx 20.4-5).

Santo quer dizer separado para o serviço de Deus. São vidas preciosas que nos inspiram. São exemplos. Mas nenhum santo deseja, nem pode, tomar o lugar de Jesus, que é o único mediador entre Deus e o homem (1 Tm 2.5). O Seu sangue, vertido na cruz do Calvário, é que nos dá acesso ao trono da graça de Deus. SÓ JESUS CRISTO SALVA ! Ele é o nosso Advogado e está vivo, ao lado do Pai, intercedendo por nós. Só Jesus faz isso! (1 Jo 2.1).

No céu não haverá tabuleta com nome de Igreja. Para passar toda a eternidade ao lado de Deus, há uma única exigência: ter sido lavado pelo sangue de Jesus Cristo, que nos purifica de todo o pecado (1 Jo 1.7), quando o aceitamos como nosso único e suficiente Salvador. Jesus disse ao ladrão da cruz: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23.43). Não foi preciso passar pelo purgatório - lugar intermediário entre a morte e o destino final do homem: céu ou inferno ? lugar imaginário em que purgaríamos os nossos pecados através da missa, em nosso favor, feita pelos amigos ainda vivos. Também não foi indispensável praticar boas obras: o ladrão estava morrendo e havia praticado o mal e não o bem. Bastou ao ladrão reconhecer seu pecado: ...porque recebemos o que os nossos feitos mereciam... (Lc 23.41) e pedir à pessoa certa: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino (Lc 23.42). A Salvação foi completa, e na hora. Porque todos pecaram e destituidos estão da glória de Deus (Rm 3.23).

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 6.23). Aquele que crê no Filho tem a vida eterna,... (Jo 3.36). É pelos méritos de Jesus que podemos ter a certeza da Salvação (1 Jo 5.12-13). Se tivesse que ser pelos nossos méritos, não poderíamos ter nem esperança da Salvação e da vida eterna com Deus!

Não sou ecumênico, mas o apelo simpático da Igreja Católica Romana pela unidade da Igreja cristã, poderá tornar-se a realidade que todos os cristãos desejam, assim que os princípios das Sagradas Escrituras sejam aceitos por todos os cristãos como única regra de fé e de prática, sem lhe acrescentar nada, por exigência clara do Texto Sagrado. Lemos na Bíblia: Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhe fará vir as pragas que estão escritas neste livro (Ap 22.18).

O apóstolo Paulo diz: Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido. Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir e instruir em justiça ( 2 Tm 3.14,16).

VÁRIOS ACONTECIMENTOS DEMONSTRAM QUE OS CATÓLICOS ROMANOS ESTÃO DISPOSTOS A MUDANÇAS

Temos visto com simpatia vários acontecimentos que, nas últimas décadas, demonstram que os católicos estão dispostos a mudanças: passou a ser consentido aos católicos lerem a Bíblia; a missa deixou de ser rezada em latim. O Movimento de Renovação Carismática trouxe um novo alento, pois muitos cânticos dos evangélicos passaram a ser cantados por eles. Eles começaram também a orar diretamente a Deus, em nome de Jesus, e não somente através de rezas decoradas e repetidas, dirigidas a outros intermediários.

Jesus disse: ... para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo o que em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda (Jo 15.16).

Finalizando, ao apelo do catolicismo romano, podemos responder que é perfeitamente possível chegarmos, evangélicos e católicos, à unidade na diversidade, desde que sem digressões afrontosas à Palavra de Deus. Em Jesus, amamos os católicos e oramos por eles. Continuemos, pois, orando para que o nosso bom Deus derrame sua graça, misericórdia e sabedoria, de tal maneira que Dele aprendamos. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Assim como em um só corpo temos muitos membros ... assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo... (Rm 12.2,5).

http://www.icp.com.br




RESPOSTA


Prezado José Luiz, Salve Maria, "Mãe do meu Senhor" (S. Lucas I, 43)

O Professor Orlando pediu-me para responder-lhe pois tem estado muito ocupado e deseja ver suas dúvidas atendidas o quanto antes.

Com isso, perde você, José, em estilo, e nossos leitores, em argumentação; queira Deus que não se perca a defesa da verdade, ainda que com menos argumentos, ainda que sem nenhum estilo.

Você inicia sua mensagem com o famoso trecho da mediação universal e ÚNICA de Cristo, que já mostramos ser equivocada, pois os protestantes tão rápido abrem suas bíblias, assim rápido as fecham.

Cristo é o único mediador enquanto salvador dos homens, como se lê logo em seguida, se continuarmos a ler: "Porque há um só Deus e só há um mediador entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo homem, que se deu a si mesmo para redenção de todos" (I Timóteo, II, 5-6). É como redentor que Cristo é único mediador.

O outro texto mesmo que você cita nos mostra isso claramente: "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos". Atos 4:12 Não fosse assim, José, como se explicaria São Paulo pedir a oração dos fiéis e oferecer as suas (intercessão) em várias Epístolas (I Timóteo, II 1-3; Efésios, VI, 17-19; Romanos, XV, 30-31; I Tessalonicenses V, 25; II Tessalonicenses III, 1-2; Hebreus XIII, 18-19)?

E Moisés se dizer intérprete e mediador entre Deus e o povo (Deuteronômio, V, 5)?

E São João Batista ser santificado no seio de Isabel quando Maria Santíssima a cumprimentara (S. Lucas, I), e os noivos terem vinho, porque Maria Santíssima pediu a Cristo (S. João, II, 3-5)?

Se Cristo fosse o único intermediário, erraram São Paulo ao ensinar, Moisés ao repreender o povo, e Maria ao saudar e ao pedir. Ora, isso é um absurdo, como você já deve ter notado.

Sem a noção católica, portanto, os protestantes colocam as Escrituras em contradição.

De uma vez por todas, José Luiz: Cristo é, para nós católicos, único salvador, mas serve-se de mediadores, pois Deus quer que um homem salve ao outro. Ele próprio se fez homem, para nos salvar! E Ele mesmo escolheu Apóstolos que fossem propagadores da Verdade que Ele ensinou e disse: "Quem vos ouve, a Mim ouve"(Luc X, 16). Portanto, Ele escolheu os Apóstolos como seus intermediários.

Assim como ensinou São Paulo, assim como advertiu Moisés, e assim como fez Maria Santíssima.

***

Você nos pede para analisar o artigo do sr. Fausto Rocha, da revista ICP (Nov./2000), que trata do motivo maior de divisão entre católicos e protestantes: a primazia do Papa.

Tratamos deste assunto largamente no artigo O Primado de Pedro (http://www.montfort.org.br/cadernos/primado.html); traçaremos apenas algumas considerações sobre o que há de novo, que é bem pouco.

Ao Primado, o senhor Fausto dedica apenas 2 parágrafos, e "esquece" de citar o trecho de São Mateus completo, parando no versículo 18, cortando a promessa de Cristo justo no ponto em que promete a Pedro - só a PEDRO! - as chaves do reino dos céus, ou seja, a infalibilidade.

Como tratamos em nosso artigo, Cristo é a pedra sobre a qual se funda a Igreja, mas isto não impediu o mestre de designar Pedro como fundamento visível, após sua gloriosa ascenção. E não poderia ser diferente, pois fundou uma Igreja visível.

A novidade do artigo é quanto à frase de Cristo: edificarei a minha Igreja (S. Mateus, 16,18), como se isso significasse que a doutrina católica afirma que a Igreja é de Pedro, e não de Cristo!

Não poderia haver inverdade maior, porque sempre dissemos que Cristo é a cabeça do corpo místico que é a Igreja (aliás, como ensina São Paulo), e S. Pedro é coluna e fundamento visível. Deturpar a noção de Igreja não é leal numa discussão dessas.

Quanto à infalibilidade, o senhor Rocha trata de supostos erros de papas do passado, como S. Leão Magno e S. Gregório, ambos Papas e santos. O primeiro, supostamente por divergir da Imaculada Conceição de Maria, o segundo, também por suposição, ter condenado quem tomasse o título de Bispo Universal.

Colocou a referência das citações, porém esqueceu de colocar... as citações!

Aguardemos pacientemente o sr. Rocha encontrar a fonte de notícias tão suspeitas. Por enquanto, fiquemos com a certeza da infalibilidade Papal, que não teve, em seus 2000 anos, nenhuma contradição entre os dogmas proclamados pelos Papas.

Lembro-lhe, José Luiz, o princípio da infalibilidade papal, para que não se acuse a Igreja de erros cometidos por membros menos santos ou mesmo infiltrados para destruir a Igreja: para que seja Infalível, o Papa deve ensinar para toda Igreja, em matéria de fé e moral, definindo uma verdade e condenando o contrário, além de usar o poder das chaves de Pedro.

Assim, no caso do Papa Libério, citado como terceiro caso de erro na história da Igreja, o que ocorreu foi uma falha pessoal; aliás, tendo sido este Papa coagido a condenar Santo Atanásio, e acabando por ceder, por fraqueza. Não se envolveu a questão da infalibilidade.

Outra novidade do artigo é não reconhecer o Papa como sucessor de Pedro porque o articulista não encontrou, em suas viagens, nenhum (pseudo) pastor, em todo o Estado de São Paulo (sic!), que reconhecesse isso!

Realmente, é um argumento devastador. Devemos nos curvar diante de tal consenso, e reconhecer que se os (pseudo) pastores do interior de S. Paulo no século XX (início de XXI) não aceitam o Primado, então ele de fato não existiu há dois mil anos.....

Tratando das demais diferenças entre nós católicos, e os protestantes, o senhor Rocha lembra, primeiro, das imagens, e segundo, do purgatório: da primeira, respondemos extensamente a outro protestante (e ainda não tivemos resposta, que desconfio, não virá...), lembrando das imagens que Deus mandou e permitiu fazer, como em Êxodo 25,18:"(...) Farás também dois QUERUBINS de ouro batido nas duas extremidades do oráculo. Um QUERUBIM esteja dum lado, e outro do outro." E também: na construção do templo de Salomão, que manda adornar as paredes com 2 QUERUBINS no Oráculo (III Reis 6,23-28), e na bacia de bronze manda Hirão de Tito colocar 12 BOIS! (III Reis 7,25) e depois colocar mais BOIS e LEOES e QUERUBINS! (III Reis 7,28-29) e ainda "como que figuras de HOMENS EM PÉ", e mais QUERUBINS e LEÕES (III Reis 7,36).

Da segunda, respondo surpreso, pois o purgatório está na Bíblia, principalmente no livro de Macabeus, livro que os protestantes retiraram, por, digamos assim, conveniência.

Você, José, dirá que nós católicos, é que colocamos o livro, que não é inspirado.

A questão, então, deve ser: qual a Bíblia que contém TODOS os livros inspirados? A Bíblia católica se apóia na Tradição. E a protestante? Onde está a relação dos seus livros, o seu canon? Aguardemos a resposta...

O senhor Rocha termina a primeira parte com a seguinte afirmação: "A autoridade maior da Igreja é Jesus Cristo.", como se os católicos discordassem disso...

É claro que Cristo é a maior autoridade da Igreja, e sua cabeça, que transmite ao corpo místico santidade e vida.

Só que, para aceitar a autoridade de Cristo, é preciso aceitar seu ensinamento integralmente, inclusive sobre o privilégio dado a Pedro, enquanto vigário de Cristo, clavígero do céu, apascentador do rebanho ? pascendi dominici gregis.

***

O autor do artigo nos apresenta então os fundamentos do protestantismo, que segundo ele foram a compilação do desejo piedoso do não menos piedoso Lutero, querendo voltar à Igreja primitiva...

Vou refutando um a um:

Primeiro:
"I-) Só pela Bíblia. Autoridade absoluta da Palavra de Deus. Não ao sincretismo - a incorporação de tradições locais, de diversos países, geralmente advindas de fontes pagãs, aceitas no mesmo nível da Bíblia pela Igreja Católica." A Bíblia e a tradição formam um conjunto harmônico, que não pode ser separado. Cristo mesmo, ensinou falando, e não escrevendo, e portanto é um exemplo legítimo de como devemos respeitar e seguir a tradição. Negá-la é negar o próprio Cristo.

Sincretismo, no sentido religioso, e não de tradições legítimas do povo, sempre foi condenado pela Igreja, que manteve o depósito da fé intacto até hoje, como não poderia ser diferente, pois Cristo prometeu assistência à sua Igreja por todos os séculos.

Mostre-nos uma influência pagã na doutrina católica, que o senhor ficou devendo...

Segundo:
"II-) Só pela fé. ... sois salvos, por meio da fé ... (Ef 2.8). III-) E pela graça. Porque pela graça sois salvos... (Ef. 2.8). ...mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6.23); Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8-9). As obras não são condição para a salvação, mas sim reflexo daquele que é salvo e pratica boas obras como fruto do amor de Jesus em sua vida." Gostaria então de uma explicação sobre este trecho de S. Tiago: "Que aproveitará, irmãos meus, se alguém diz que tem fé, E NÃO TEM OBRAS? PORVENTURA PODERÁ SALVÁ-LO TAL FÉ? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem do alimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos, porém não lhes derdes as coisas necessárias ao corpo, de que lhes aproveitará?" (S. Tiago, II, 14-16); E também deste, dos Salmos: "O poder é de Deus; e a ti, Senhor, a misericórdia; porque tu retribuirás a cada um segunda as suas obras" (Salmos 61, 12-13); Não vale só a fé? Como então a fé necessitar das obras, não só como consequência, mas como complemento indispensável?

As obras são a nossa participação no sacrifício que conduz ao céu. Dizer que só Cristo sofre para ganharmos o céu, enquanto gozamos a vida, é imoral.

Poderia citar ainda muitos outros trechos mostrando a necessidade das obras, porém já os tenho por suficientes.

Terceiro:
"IV-) Só por Jesus - Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho,e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6). Aquele que crê no Filho tem a vida eterna... (Jo 3.36). Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (1 Tm 2.5)." De novo, a questão da mediação única de Cristo. Não repetirei a pergunta, aguardarei a resposta...

Aos 4 princípios, Fausto Rocha junta a chamada "lista de novidades" que teriam sido introduzidas pela Igreja Católica ao longo do tempo, supostamente desviando-se o ensino das verdades bíblicas.

Respondo apenas uma, e me divirto com uma outra, para que se veja o absurdo destas idéias.

Diz o senhor Rocha: "(...) meia dúzia de livros apócrifos incluídos no Cânon Bíblico, no ano 1546;"
Ora, já no ano de 397, o III Concílio de Cartago (no canon 36, parágrafo 47, segundo o Denzinger ? Enchiridion Symbolorum) declara o canon da Bíblia com todos os livros que o senhor Rocha diz terem sido incluídos em 1546...

Portanto tal afirmação é falsa.

E assim são os demais itens da "lista", ora inverdades históricas, ora não compreensão de que o dogma proclamado é apenas a expressão da crença de toda a cristandade, durante todo o tempo. Não é nenhuma novidade, só uma definição clara e insofismável de ataques dos inimigos, que se manifestam em determinada época.

Mas a mais divertida é esta: "(...) fundamentação bíblica daquilo em que preferem crer, como (...) acender velas, no ano 320." (sic) Ora, também não encontramos nas Escrituras a permissão de acender lâmpadas, quando a descoberta da eletricidade tornou possível este novo meio de iluminação...

***

Mas o pior mesmo ainda estava por vir.

Tomando o episódio do bom ladrão como critério de salvação universal, o senhor Rocha apresenta uma noção de cristianismo desastrosa.

Para ele, o bom ladrão é o melhor exemplo de salvação certa: não precisou de obras, não passou pelo purgatório. Ou seja, só pela fé, foi o bom ladrão justificado por Cristo, ganhando imediatamente o céu.

Em outras palavras, se os protestantes seguirem sempre o exemplo do bom ladrão ? sem obras, sem purgatório ? arrependendo-se apenas na hora da morte, Deus os dará a vida eterna.

Deveríamos então seguir, não o exemplo de Cristo, que se fez obediente até a morte, mas o do ladrão!

É o mesmo que dizia Lutero ? em carta a Melanchton - apesar de causar escândalo ainda hoje: "Crê firmemente, e peca muitas vezes". Uma vida de pecados, porém com a confiança de que Cristo já perdoou a todos. Apenas um arrependimento no final da vida é suficiente...

O erro GROTESCO do senhor Rocha é confundir a EXCEÇÃO ? o bom ladrão que se arrepende só na hora da morte - com o MODELO!

O ladrão era um pecador, que ofendia a Deus ao desobededer a lei; porém, seu mérito foi demonstrar uma justiça imensa, reconhecendo que sua pena era devida (portanto, que ele não tinha praticado boas obras, e que merecia o castigo!).

Como não havia mais tempo para que realizasse outras obras (além de reconhecer Cristo como justo, que já era uma boa obra, pela humildade e o exemplo), o perdão de Cristo apagou seus pecados. E como seu sofrimento, aliado à sua fé e confiança eram tão intensos, Cristo perdoou também sua pena temporal, dando-lhe a indulgência plenária (livrando-o do purgatório), prometendo-lhe o céu imediato. Mas essa é a exceção!

Triste exemplo dá o senhor Rocha, com suas infelizes palavras...

Eis o resultado do livre exame, que a tudo destrói, e que desviou os cristãos da imitação do Cristo, para a imitação do criminoso...

***

Por fim, sob o título: "VÁRIOS ACONTECIMENTOS DEMONSTRAM QUE OS CATÓLICOS ROMANOS ESTÃO DISPOSTOS A MUDANÇAS", o Sr. Fausto ilusoriamente acredita que seja possível a aproximação entre protestantes e católicos, sem que os protestantes abandonem suas posições anti-cristãs.

A Igreja sempre rezou e trabalhou para o retorno dos irmãos separados, pois sabe que eles se encontram fora do Corpo Místico, fonte da santidade e da vida, privados da verdadeira vida em Cristo.

Mas nunca admitirá seu retorno sem que reneguem seus erros, que levam aos absurdos que mostramos no artigo do sr. Rocha.

Ele tenta apelar para a "unidade na diversidade" , como se a diversidade fosse acidental e não substancial (doutrinária) sofismando com as palavras de Cristo e de São Paulo; a diversidade de vocações da Igreja (Católica, que é a unidade) tem que se submeter à unidade de doutrina!

Só teremos unidade com os protestantes ? e esse é o nosso desejo e nossa intenção ? quando eles renegarem seus erros e aceitarem humildemente o ensinamento infalível da Igreja Católica, além da submissão ao Santo Padre, o Papa. Ou seja, quando deixarem de ser protestantes.

Rezemos para que isto aconteça, pois sem verdade não pode haver unidade. A verdade que se fez homem, e que deve ser imitada por todos.

Não o ladrão.

In corde Iesu et Mariae,

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