Qual objetivo da Evolução
A
Igreja Católica não propõe uma teoria científica para a criação, não é o
papel dela. No entanto a Igreja ensina, com base nas Sagradas
Escrituras, que há propósito de Deus na Criação e ele pode ser percebido
pelo homem. Também ensina a Igreja que a ciência verdadeira não se opõe
à fé. A conclusão natural para qualquer católico, portanto, é que se
uma teoria científica para a criação é verdadeira ela não terá conflito
algum com a fé católica. É neste contexto que precisamos entender a
oposição de muitas pessoas à teoria da evolução de Darwin. Elas
acreditam que a teoria de Darwin elimina o propósito de Deus na criação.
Mas por que pensam assim e, será que isso é mesmo verdade?
Geralmente
o primeiro argumento contra qualquer evolução, não só a biológica mas
também a do universo, é o livro do Gênesis. Sabemos, entretanto, que do
ponto de vista católico não há motivos para acreditar na interpretação
literal do relato da Criação. Deve ser compreendido como uma metáfora.
De fato, entre os que se opõe à teoria de Darwin, poucos se baseiam numa
interpretação literal da Bíblia. Até mesmo porque cientificamente a
evolução biológica é um fato mais do que comprovado. A evolução do
universo também já foi provada depois que Edwin Hubble verificou
observacionalmente a teoria do Big Bang proposta pelo padre jesuíta
Georges Lemaître. A física, hoje, não duvida desta descoberta. A
expressão de conservação das massas do católico Lavoisier, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, deve ser entendida num sentido mais amplo, cientificamente, de que o paradigma da evolução faz parte da ciência moderna.
A
evolução é um fato, a teoria é a explicação do fato. Embora as teorias
possam estar erradas e mudar, os fatos experimentais não mudam! Do ponto
de vista filosófico e teológico o argumento realmente sério é se a
teoria de Darwin se opõe ou não ao Propósito de Deus na criação. Esta é a
pergunta que realmente importa. A teoria de Darwin, muito aprimorada
depois da descoberta da genética pelo monge agostiniano Gregor Mendel,
está baseada no conceito de mutações genéticas aleatórias que acontecem
na reprodução. Ao longo de milhares de anos estas mudanças fariam que
uma população se aprimorasse, evoluísse, através de vários mecanismos,
dentre eles a sobrevivência do mais apto.
É
justamente a idéia de aleatoriedade das mutações que gera a grande
controvérsia pois significa literalmente que as mudanças acontecem ao
acaso, sem propósito. Isso implica (será?) que todas as espécies
surgiram ao acaso, inclusive nós. Basicamente existem três posturas
frente a essa conclusão: nega-se a evolução, aceita-se a evolução mas
não a “aleatoriedade” das mutações ou então aceita-se a evolução e a
aleatoriedade mas nega-se a consequência de acaso devido às mutações
aleatórias. Como foi visto antes, a primeira postura vai contra tudo que
a ciência moderna sabe e contra o que convém chamar de “paradigma
evolutivo da ciência”. Para dizer pouco, pode-se falar que não é uma
posição defensável com a razão, hoje. E como há séculos a Igreja defende
que a fé e a razão se complementam, ir contra o fato (não a teoria) da
evolução não é uma boa posição para os católicos. O frade franciscano
Roger Bacon, um dos pais do método científico, que o diga!
Fonte: Blog do profº felipe aquino