O novo Prefeito da Congregação para o Clero responde
Oferecemos abaixo nossa tradução do trecho de uma entrevista concedida pelo novo Prefeito da Congregação para o Clero, Dom Mauro Piacenza, ao jornal Avvenire, disponibilizada em italiano no link que segue. O cardeal responde quais serão os seus desafios à frente da Congregação e faz alguns apontamentos importantes com relação à crise de vocações sacerdotais e ao escândalo dos abusos sexuais cometidos por membros do clero. O texto da entrevista foi traduzido para a língua espanhola pelo blog La Buhardilla de San Jerónimo.
Espero que com o Espírito Santo! E
tem-se a segurança de atuar no Espírito Santo se se está na comunhão
verdadeira, leal e afetiva com o Papa. O serviço aos sacerdotes sempre
animou, de modo particular, o meu ministério: desde jovem sentia como
uma exigência de mim mesmo ser sacerdote. Estou muito contente, hoje, de
poder oferecer a minha humilde colaboração ao Santo Padre no cuidado
daqueles que são pupila oculi do Papa, indispensáveis colaboradores da Ordem episcopal para a missão da Igreja.
Quais são as principais linhas de ação que seguirá nesta tarefa?
A formação do clero, nas atuais
circunstâncias, representa certamente uma prioridade à qual eu gostaria
de colocar a justa atenção, tendo presente que a reforma da Igreja nasce
quando dobramos os joelhos, nasce daquele espírito de oração que
reconhece o primado absoluto de Deus na própria existência e na
história. Disto brotam as conseqüências operativas.
O senhor seguiu bem de perto a
concepção e a realização do Ano Sacerdotal. Que herança deixa este
período vivido com base no exemplo da memória de São João Maria Vianney?
Certamente uma recentralização naquilo
que, na vida do sacerdote, é essencial, superando os diversos
“reducionismos secularizantes” que tem ocorrido nas últimas décadas.
Olhar para São João Maria Vianney significa redescobrir o primado da
Eucaristia, cotidianamente celebrada e adorada, da Confissão
sacramental, recebida e oferecida, e da paciente escuta dos irmãos
naquele importantíssimo serviço de guia das consciências na direção
espiritual. Olhar para o Cura de Ars significa olhar para um sacerdote
autêntico, que vive o Amor do Coração de Jesus, significa compreender o
que se deve fazer para formar os sacerdotes para a eficácia do
ministério pastoral.
Nos últimos anos, tem se dado
uma grande ênfase no triste fenômeno dos abusos sexuais. De que maneira a
Igreja pode viver e superar esta crise?
Com o esclarecimento da responsabilidade
dos indivíduos, seguindo o exemplo do Papa Bento XVI; com o atento e
devido cuidado pastoral com as vítimas; redescobrindo o grande valor da
penitência e da reparação e, certamente, vivendo aquela fidelidade
radical a Cristo, à Igreja e ao próprio estado de vida, que é capaz por
si só de voltar a apresentar ao mundo a verdadeira figura do sacerdote.
De que modo se pode responder à crise de vocações que ameaça nossas comunidades?
Através da oração ao Senhor da messe,
através do claro e humilde reconhecimento dos erros cometidos, através
da fidelidade ao que somos e ao que devemos ser. As vocações – é um fato
– florescem ali onde há radicalidade na fé, caridade evangélica,
claridade de identidade e alegre entusiasmo. Os movimentos e as novas
comunidades são exemplos neste sentido. O fato de ter se diluído, quase
perdido, a identidade sacerdotal, que surge da configuração ontológica a
Cristo Sacerdote, influenciou os jovens e fez com que eles perdessem
toda forma de interesse pela especificidade da vocação sacerdotal. Não
nos fazemos sacerdotes para ser “super-animadores” da comunidade, mas
sim para ser no mundo a representação sacramental, portanto, real, de
Jesus Cristo.
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