Resposta a objeções feitas à devoção a Nossa Senhora
Com efeito, muitas pessoas que se intitulam cristãs têm criticado a devoção católica à Virgem Maria, alegando a) que estaríamos praticando “idolatria” ao exaltarmos tanto a Mãe de Jesus Cristo e b)
que o único mediador entre Deus e os homens é Jesus Cristo, sendo,
então, impossível chamar Maria de medianeira de todas as graças ou
atribuir-lhe tantos outros títulos.
O que acontece, no entanto, é que,
desprezando o Magistério da Igreja Católica e chamando a Tradição
Apostólica de “palavras de homens”, os protestantes têm minado até mesmo
a base da sua fé nas Escrituras. É de conhecimento de todos que foram
justamente os bispos dos primeiros séculos de Cristianismo que, reunidos
sob a assistência do Espírito Santo, definiram os livros que
integrariam aquilo que chamamos hoje de Bíblia Sagrada. Aqueles bispos,
reunidos com a autoridade máxima da Igreja, o bispo de Roma, cuja
primazia já era reconhecida desde então, são justamente uma base de fé
do catolicismo, o Magistério. E é assaz racional crer na autoridade
destes homens, porquanto sem eles não poderíamos falar de Escrituras.
Expliquemos de maneira mais clara quão
tola é a atitude dos que desejam separar a Bíblia da Igreja Católica.
Alguns homens se reúnem, pegam alguns livros, reúnem-nos, após uma
minuciosa análise, e dizem: “Esses livros são infalíveis”. Para que você
realmente acredite que não há erro nenhum naqueles livros é preciso,
primeiramente, que você creia na capacidade que aqueles homens têm de
julgar corretamente o conteúdo dos livros referidos. Os protestantes,
quando separam a fé na Sagrada Escritura da fé no Magistério, estão
separando o Livro Sagrado da autoridade daqueles que o formularam.
Quando citam, portanto, trechos da Bíblia para tentar justificar desvios
na sua doutrina, é preciso que primeiramente os interroguemos assim:
“Se você deseja prosseguir no debate, então me diga que aceita a
assistência do Espírito Santo aos bispos da Igreja, porquanto este
documento que você porta é católico.”
Que tem a ver, entretanto, a devoção a
Maria com tudo isso que foi falado até agora? Ora, a Bíblia não é a
única fonte encontrada pelo cristão para fundamentar sua devoção à
Virgem Santíssima. Assim, embora haja sugestões bíblicas para os dogmas
marianos, crer na autoridade dos que sucedem os apóstolos e interpretam
autenticamente a Palavra de Deus é essencial para possuir uma verdadeira
devoção a Nossa Senhora.
Para responder às acusações infundadas
dos protestantes, precisaríamos simplesmente mostrar-lhes a distinção
que sempre foi feita entre adoração, que deve ser feita somente a Deus, e
o culto de veneração, prestado àqueles que foram modelo de fidelidade
ao Altíssimo (a Virgem Maria e os santos, portanto). Não se igualam, de
forma alguma, as duas formas de culto. No entanto, é o mesmo amor que os
cristãos devem ter para com o Senhor que faz com que eles se curvem
diante do belo testemunho de coragem dos mártires, da bela história de
obediência dos santos e da grande sabedoria que demonstraram os santos
doutores da Igreja em seus escritos.
Se o questionamento dos hereges ainda
soa provocante, São Pio X oferece uma ótima resposta: “Entre o culto que
prestamos a Deus e o culto que prestamos aos Santos há esta diferença:
que a Deus adoramo-Lo pela sua infinita excelência, ao passo que aos
Santos não os adoramos, mas só os honramos e veneramos como amigos de
Deus e nossos intercessores junto d’Ele. O culto que prestamos a Deus
chama-se latria, isto é, de adoração, e o culto que prestamos aos Santos chama-se dulia, isto é, de veneração aos servos de Deus; enfim o culto especial que prestamos a Maria Santíssima chama-se hiperdulia, isto é, de essencialíssima veneração, como Mãe de Deus” (Catecismo Maior de São Pio X, n. 371).
Mas, e quanto a Cristo ser “único
mediador entre Deus e os homens”? Bem, qualquer cristão, por meio da
oração, pode desempenhar o ofício de intercessor. Quando a Bíblia se
refere a Cristo como o único mediador, ela deseja
eliminar aquelas mediações que são contrárias ao que foi ensinado pelo
Filho do Homem. A mediação de Jesus não exclui, com efeito, a
intercessão de pessoas que desejam colaborar com a obra divina de
salvação. Colaboram com esta obra, de fato, não só os vivos, mas também
aqueles que, tendo morrido, participam da vida eterna no Céu e estão
sempre na presença de Deus, podendo, portanto, rogar por cada um de nós.
“Jesus Cristo é o nosso mediador junto de Deus, enquanto, sendo
verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, só Ele, em virtude dos próprios
merecimentos, nos reconciliou com Deus e d’Ele nos obtém todas as
graças. Mas, a Santíssima Virgem e os Santos, em virtude dos
merecimentos de Jesus Cristo, e pela caridade que os une a Deus e a nós,
auxiliam-nos com a sua intercessão a alcançar as graças que pedimos” (Catecismo Maior de São Pio X, n. 368).
Numerosos são os santos que cantaram – e
cantam – as glórias de Maria a todos os homens. Indicamos, como forma
de expandir esta fervorosa devoção, a leitura de Glórias de Maria, de Santo Afonso de Ligório, e Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem,
de São Luís de Montfort. Que estas obras façam crescer, em nossos
corações, o nosso amor para com Nossa Senhora e para com Seu Divino
Filho, enquanto esperamos, vigilantes, a vinda do Reino dos céus.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Salve Maria Santíssima!