A Revolução cultural e a decadência religiosa do século XXI
O Komintern e a revolução comunista de Berlim
No final da I
Guerra Mundial, logo após a vitória dos comunistas na Revolução Russa, foi
criada a Internacional Comunista (ou Komintern). Seu principal objetivo era
criar uma União Mundial de Repúblicas Soviéticas. Dominada pelo Partido
Comunista da União Soviética, a Internacional emitia diretrizes que deveriam
ser seguidas por todos os seus filiados.
Um desses
filiados foi a Liga Espartaquista, ou Liga Spartacus. Este foi um movimento de
esquerda, marxista e revolucionário, organizado na Alemanha durante e
imediatamente após os anos da I Guerra Mundial. Seu período de maior atividade
foi durante a Revolução de 1918 na Alemanha, quando pretendeu incitar uma
revolução socialista na Alemanha.
Em 1918, a
Liga, juntamente com outros agrupamentos, aderiu ao Komintern e tornou-se o
Partido Comunista da Alemanha (Kommunistische Partei Deutschlands, ou KPD).
Algum tempo depois, em 1919, o KPD tentou uma revolução armada comunista em
Berlim. Entretanto, em pouco tempo a insurreição foi derrotada.
Escola de Frankfurt: nasce o Neo-Marxismo
Anos mais
tarde, entre as décadas de 20 e 30, surgiu na Alemanha a Escola de Frankfurt.
Os seus pensadores eram buscavam, entre outros temas, as falhas na revolução da
classe trabalhadora durante a revolução de 1919.
Karl Marx
havia previsto que uma revolução comunista deveria ocorrer a partir da classe
trabalhadora. Entretanto, a Escola de Frankfurt notou que foi justamente na
classe trabalhadora aonde o comunismo encontrou maior rejeição.
A Escola de
Frankfurt, principalmente através do filósofo Herbert Marcuse, buscou entender
quais as raízes dessa rejeição. A conclusão alcançada por Marcuse foi de que a
classe trabalhadora possuía certos valores aos quais estava ligada acima de qualquer
valor ideológico. Entre esses valores, ele destacava a família, a moral, a
pátria e a religião.
Seguindo a
linha de pensamento de Marcuse, o filósofo italiano chamado Antonio Gramsci
destacou que todos esses valores formavam a "cultura" de um povo.
Assim, o modo de produção capitalista não residia apenas no aparato do Estado,
mas também na hegemonia cultural presente nas instituições que representavam os
valores morais vigentes.
Diante disso,
para que a revolução socialista fosse aceita pela classe trabalhadora, Gramsci
propôs uma revolução cultural: ou seja,
a revolução socialista deveria partir da desconstrução das instituições que
sustentavam os valores morais capitalistas.
Dentre essas
instituições destacam-se o sistema educacional, as instituições religiosas e os
meios de comunicação. Segundo Gramsci, as classes dominantes "educam"
os a classe trabalhadora para que estes viva em submissão às primeiras como
algo natural e conveniente, inibindo assim sua potencialidade revolucionária.
A teoria de
Gramsci começou a ser posta em prática na segunda metade do século XX. Assim, a
revolução cultural proposta por Gramsci começou a agir em três campos paralelos
no mundo ocidental: o domínio cultural das universidades, a desinformação
através dos meios de comunicação e a desconstrução das instituições religiosas.
No que diz
respeito à desconstrução das instituições religiosas, o primeiro e principal
alvo foi a desvalorização da Igreja Católica (nos países católicos) e das
igrejas protestantes tradicionais (nos países com maioria protestante). Essa
descontrução tinha objetivos específicos de acordo com o campo de ação em
questão.
Nas
universidades, existiam dois objetivos principais. Um deles foi atribuir um
caráter maligno e criar uma associação direta entre eventos históricos e a
igreja. Desta forma, a partir da metade do século XX, acadêmicos ligados ao
Komintern buscaram remodelar eventos históricos sob a ideologia marxista. Outro
objetivo foi a divulgação do pensamento ateísta a do fomento à pesquisa com
ideologia ateísta, como pesquisas relacionadas com a teoria da evolução.
Aos meios de
comunicação coube o papel de propagar valores anticristãos, especialmente a
liberação sexual. Assim, os meios de comunicação (especialmente a TV) se
propunham a desvirtuar valores como o matrimônio, a monogamia e o
heterossexualismo.
Por fim, a
desconstrução das instituições religiosas também foi fomentada de dentro das
próprias instituições. Na Igreja Católica o maior exemplo desse fato é a
teologia da libertação, que obteve bastante destaque principalmente a partir
dos anos 70 no Brasil.