O presidente da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, Dom Geraldo Lyrio Rocha, afirmou, hoje, em
entrevista, que “
acima do bispo, no governo da Igreja, só existe
uma autoridade, o papa”. Ressaltou também que “a CNBB não é um
organismo para interferir nas dioceses ou se for o caso repreender”. A
notícia foi reportada
pelo
G1 e
pelo
Terra. “Na diocese, o bispo tem plena autonomia, ele tem o direito e
até o dever de, de acordo com sua consciência, orientar seus fiéis do
modo que julga mais eficaz, mais eficiente”, concluiu o presidente da
CNBB. As declarações de Dom Geraldo surgem no contexto da recente
apreensão de panfletos pró-vida impressos a mando do bispo da diocese de
Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini.
Na mesma entrevista, Dom Geraldo ainda
explicou que a Igreja tem o direito de se posicionar no processo
político. “Se Estado laico for entendido como um que não permite com
posições diferentes, não será estado laico será ditadura laica. (…) Não
se pode querer silenciar a Igreja como se não pudesse manifestar sua
posição. Todos são respeitados quando falam, todas as minorias,
mas a Igreja quando fala é acusada de estar se intrometendo, por isso
este argumento é falso.”
Dignas de aplausos as recentes
declarações do presidente da Conferência Episcopal Brasileira! Quando se
estende no Brasil uma campanha se colocando contra as condenações da
Igreja às propostas pró-aborto apresentadas por vários candidatos
políticos nos últimos tempos, é preciso que os bispos se manifestem
energicamente, mostrando que o apoio ao partido da vida exige, ao mesmo
tempo, compromisso na luta contra a implantação da cultura de morte em
nosso país. E quantos bispos se manifestaram de maneira clara e direta
nessas eleições! Podemos fazer referência a Dom Luiz Bergonzini, mas
também muitos outros foram bem claros ao declarar que o voto em um
partido que mantém compromisso com a descriminalização do aborto no
Brasil não pode receber adesão de cristãos católicos.
No caso específico do bispo de
Guarulhos, mais de um milhão de panfletos assinados pelos bispos do
Regional Sul 1 da CNBB e impressos a pedido do pastor paulista foram
apreendidos pela Polícia Federal. Mas,
a Mitra Diocesana de
Guarulhos encaminhou ao TSE o pedido de revogação da liminar que
determinou a apreensão do material. Disponibilizo abaixo trecho
do texto de defesa encaminhado pela diocese paulista ao Tribunal
Superior Eleitoral. Para ler mais trechos do documento, acessem
o
blog do Reinaldo Azevedo.
A Mitra Diocesana e o Bispo Dom Luiz
Gonzaga Bergonzini não apoiaram nenhum candidato a deputado estadual ou
federal, senador, governador ou presidente. Estão defendendo o Evangelho
e a Doutrina Cristã e acompanhando a pregação e orientação do Papa
Bento XVI, que desde o início de seu Papado, está alertando os católicos
sobre o relativismo.
Relativismo é, por exemplo, votar em algum político que
“rouba mas faz”. Se ele rouba, não poderia ser candidato. É mandamento
cristão: “NÃO ROUBAR”. Em obediência ao mandamento, os católicos não
devem votar em quem rouba. Relativismo é, por exemplo, aceitar e votar
num partido ou político que está empenhado na liberação do aborto.
Cristo defende a vida. A Igreja Católica defende a vida. Os católicos
defendem a vida. Os cristãos defendem a vida. A vida é o bem maior de
todos os seres humanos. “NÃO MATAR” é um mandamento.
O aborto, para os cristãos, consiste na retirada de um
ser humano em formação – que será depois uma criança, um jovem, um
adulto, um idoso, até chegar à morte -, do útero de uma mulher e jogá-lo
na privada, no lixo ou no esgoto. A Igreja Católica Apostólica Romana
segue o Evangelho de Jesus Cristo. Ela e seus sacerdotes – padres e
bispos – fazem profissão de fé e estão obrigados a defender esses
princípios, em todos os momentos de suas vidas.
(…)
Dom Luiz poderia, inclusive, indicar candidatos, se
quisesse. Isso não é proibido. Mas não o fez. Está apenas defendendo
princípios. Se os princípios conflitam com os princípios de outras
pessoas, partidos ou candidatos, as conseqüências cada um deve assumir
para si. Se alguém tem posições contrárias aos princípios cristãos, deve
expor e defender essas teses, assumindo a responsabilidade decorrente.
No caso presente, os bispos das 41 dioceses do Estado
de São Paulo resolveram emitir um documento que explicasse em quem não
votar, tendo como base principal o aborto, ponto que Sua Santidade o
Papa Bento XVI vem, exaustivamente, chamando a atenção de todo o povo do
mundo.
A vida é dom de Deus, bem indisponível, em qualquer
tempo, tanto que auxiliar alguém a suicidar-se é crime capitulado no
art. 122, do Código Penal. Ninguém pode atentar contra nenhuma vida.
A apreensão dos documentos pertencentes à Mitra
Diocesana de Guarulhos, autorizado pela CNBB REGIONAL SUL-1, é uma ação
discriminatória da candidata Dilma Rousseff e da Coligação para o
Brasil Seguir Mudando, que está perseguindo e tentando impedir a Igreja
Católica e seus membros de expressar suas convicções religiosas.
(…)
A defesa elaborada pelos advogados da
Mitra Diocesana, João Carlos Biagini e Roberto Victalino de Brito Filho,
é de uma qualidade praticamente incontestável. Agora é esperar que a
liminar que pedia a apreensão dos panfletos pró-vida seja revogada e que
o material apreendido seja devolvido.
Continuemos orando pela salvação do
Brasil. Nossa Senhora livre nossa Nação do flagelo do comunismo e
da maldição do aborto.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!