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sexta-feira, novembro 13, 2009

A “CONVERSÃO MÁGICA” DOS EVANGÉLICOS

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Especialistas fazem uma autópsia da estratégia dos pastores.



Solução mágica



O insigne psicanalista Joel Birman, explica as novas formas contemporâneas do sofrimento. Desde os anos 1980, o pânico se torna, no consultório, uma das formas mais freqüentes de sofrimento. É a “neurose de angústia”, de que Freud já falava. Prolifera também, a depressão, que é a condição radical do desalento, e que surge quando o sujeito perdeu qualquer possibilidade de vir a ter um projeto próprio. Aparecem, ainda, as compulsões, à comida, ao consumo, ao sexo, às drogas, com que o sujeito tenta colocar alguma coisa no lugar vazio que não suporta (1).



É aqui que entra as “soluções mágicas” das pregações oportunistas dos líderes sectários. A exploração dos sofrimentos alheios é uma das causas principais do crescimento das seitas.

Os especialistas são unânimes ao associar os momentos de dificuldade ao aumento da necessidade religiosa. E é justamente ao oferecer solução para qualquer tipo de crise, que as igrejas evangélicas atraem fiéis de todas as idades e classes sociais.

“Eles prometem resolver problemas cotidiano, desde unha encravada até desavenças conjugais”, afirma o sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro “Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil”. O grande atrativo das soluções propostas por essas igrejas é o fato de apresentarem características mágicas, pela via do milagre e da intervenção divina.
A solução dos sofrimentos é de caráter imediatista. O “show” de testemunhas de pseudos milagres, estimula a prática de uma religião comercial e uma fé mercantilista.


Diz o antropólogo e pesquisador do Instituto de Estudos da Religião (ISER), Flávio Conrado: “boa parte das pessoas que freqüentam os cultos da Igreja Universal do Reino de Deus, são “clientes” no sentido de que buscam algum “bem” no “mercado religioso”. “A pobreza e a miséria são vistas como males causados por forças diabólicas que devem ser exorcizadas da mente e do corpo, a fim de se ganhar a bênção de Deus através da fé”, declara Flávio Conrado(2).



A base das “soluções mágicas”, do mercado religioso, do pragmatismo empresarial da fé, do paraíso terrestre e do “transcendental”, está no pagamento dos dízimos, nas doações e nas ofertas de sacrifícios. Tudo isso, está no contexto da teologia da prosperidade. Esta, realmente, enriquece o paraíso financeiro dos donos e líderes das igrejas neopentecostais.



Todo esse sucesso financeiro inspira ambição nos mais espertos. Tudo isso, ajuda-nos a compreender a “moda” de conversões aparentemente inacreditáveis, como de atletas, cantores, compositores, atores, atrizes, apresentadores (as), dançarinas e pessoas do reality shows. “A maioria desses artistas está decadente. É uma tentativa desesperada de salvar suas carreiras. Pode reparar que os famosos bem sucedidos não estão procurando igrejas, pelo menos publicamente”, afirma Antonio Flávio Pierucci, professor de sociologia da religião da USP. Para ele, a conversão surge em situações-limite. “Ninguém está muito preocupado com a salvação da alma. As pessoas querem primeiro salvar a pele”, conclui o sociólogo(3).



Bibliografia:



(1) Jornal Valor, 26 de Novembro de 2006. p.16.

(2) Nossa História, dezembro, 2006. p.33.

(3) Galileu, Julho, 2002. p.23.

autor:fernando nascimento

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