Natal e os pagãos
“É por ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome”
(Rm 1, 5), diz São Paulo na Liturgia deste domingo. Trazer à obediência
da fé os povos pagãos sinaliza aqui uma necessidade: conversão.
Contemplamos, na oração do Rosário, o terceiro mistério luminoso
pensando justamente no anúncio do Reino de Deus. Cristo se faz carne,
habita entre nós, para trazer de volta à vida aqueles que residiam nos
vales da morte, aqueles que estavam na enfermidade do pecado. Com
efeito, Ele veio para os enfermos, aos que urgia a necessidade de
acolhimento.
E os Apóstolos entenderam isto. Tanto
bem entenderam que escreveram cartas às primeiras comunidades cristãs
manifestando justamente esta necessidade da saída do paganismo
politeísta para a luz do Evangelho cristão. É observando o belo
testemunho de coragem dos primeiros bispos da Igreja que deploramos com
todas as nossas forças um mal-entendido ecumenismo que sacrifica as
verdades da nossa fé e supervaloriza culturas cujos princípios estão
muitas vezes em radical contradição com as palavras de Cristo. Quando
Jesus nos pedia que fôssemos obedientes e humildes, quando nos mandava
servir ao próximo, não queria dizer que deveríamos nos prostrar diante
de ideologiazinhas enganosas e estapafúrdias. A mentira é filha de
Satanás e é nosso dever denunciar as obras das trevas.
Trazer as pessoas ao Cristianismo… é um
trabalho árduo, deve-se dizer. Mas, é preciso que nos convençamos de que
só vamos conseguir isso quando praticarmos de verdade aquilo que nos
pede Jesus Cristo. Porque de que valem palavras sem exemplos? Ora, foi
justamente a misericórdia dos cristãos, a capacidade que eles tinham em
perdoar, em amar até mesmo os inimigos – coisa considerada absurda até
então – que conquistou os pagãos. Um cristão que não ama, que não
perdoa, que não honra a Deus servindo ao seu próximo, essa pessoa é um
antro de perdição, pois, intitulando-se cristã, escandaliza os mais
fracos e desorienta os já obstinados no pecado.
O chamado de Cristo para nós é que
sejamos verdadeiros exemplos, “a fim de podermos trazer à obediência da
fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome”.
Mas, quem são os pagãos de hoje? Com efeito, o paganismo moderno se reveste de vários modelos que a priori
parecem sedutores ao homem. Começando pela radical negação de Deus e
até mesmo de qualquer benefício advindo da religião, os pagãos podem até
mesmo disfarçar-se de cristãos para tentar derrubar a fé dos que crêem.
Aludimos, de uma maneira especial, àqueles que negam qualquer forma de
manifestação do Sobrenatural no cotidiano do homem. O nascimento de
Cristo é justamente essa intervenção de Deus na história. A mãe de
Jesus, Maria Santíssima, “ficou grávida pela ação do Espírito Santo” (Mt
1, 18). Contrariando o costume – que é a concepção através da
fecundação de um óvulo por um espermatozóide -, temos diante de nós uma
Virgem grávida. Que acontecimento estupendo! E que estupidez tremenda a
distorção que muitos hoje fazem do Evangelho, alegando “reinterpretar” a
Palavra de Deus aos tempos modernos, como se a concepção de Jesus já
não fosse, naquele tempo, um escândalo.
Ora, por que negar a possibilidade de
milagres, se nós mesmos sabemos que nosso conhecimento da ordem natural é
imperfeito? Como podemos ter tanta certeza de que vai sempre ser daquele jeito,
se a experiência passada não confirma necessariamente eventos futuros?
Graças à sabedoria dos homens que creram, o Cristianismo foi sendo
espalhado pelo mundo inteiro; graças à fé de pessoas fascinadas pela
história do filho de carpinteiro que foi crucificado para remir os
pecados dos homens, hoje, a mensagem do Natal pode ser anunciada aos
quatro cantos do mundo.
Pois bem, o Natal se aproxima. Será que
já convidamos para a nossa festa Aquele que festeja Sua natividade?
Quando nos reunirmos com nossas famílias, na noite desta bela festa
cristã, não nos esqueçamos de chamar para cear conosco o menino Jesus,
que se fez carne para salvar-nos a cada um de nós. Convidemos também Sua
Mãe, Maria, para que nos ensine a dizer sempre “sim” às palavras do
Cordeiro.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Salve Maria Santíssima!