Depois que publicamos nossos artigos
anteriores (parte I
e parte II) sobre
a questão do Dia do Senhor, muitos amados irmãos adventistas nos
enviaram mensagens, ora procurando mais esclarecimento sobre as
questões, ora procurando defender a tese sabatista da guarda do Sábado.
Desta forma, a motivação deste terceiro opúsculo sobre o tema é
colocar mais luz sobre este assunto, procurando esclarecer suas
objeções.
A Carta de São Paulo ao Colossenses
O grande espinho (cf. Pr 26,9) que se
encontra na boca dos sabatistas está os seguintes versículos da carta
de São Paulo aos colossenses:
"Ninguém, pois, vos critique por
causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de
sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade
é Cristo" (Cl 2,16-17).
Os sabatistas alegam São Paulo ao usar a
palavra "sábados" não está se referindo ao sétimo dia, mas aos
"sábados cerimoniais". Como já dissemos em nosso trabalho anterior, São
Paulo escreveu esta carta no grego, onde a palavra" sábados"
corresponde a "sabbaton".
Excluindo a carta de São Paulo aos colossenses, a palavra grega "sabbaton"
parece no NT 67 vezes e em 61 versículos.
Nestas 67 vezes ela possui apenas dois significados:
1) Em 9 delas a palavra significa
"semana", como por exemplo, em Mt 28,1. A expressão "primeiro dia
da semana" é escrita em grego como "mia sabbaton". No grego
toda vez que "sabbaton" é precedida de um numeral ordinal, ela tem o
significado de semana;
2) Em TODAS as 58 vezes, "sabbaton"
significa o sétimo dia, isto é, o dia de descanso (cf. Mt 12,1; Mc
1,21; Lc 4,16; Jo 5,9; At 1,12).
Na Carta de São Paulo aos Colossenses "sabbaton"
se enquadra no segundo caso, isto é, significa o sétimo dia da semana,
o sábado semanal.
Ora, se em 58 referências a palavra "sabbaton"
refere-se à observância do sábado semanal, por que em Cl 2,16 não?
A teologia sabatista simplesmente fere
todas as regras de exegese e hermenêutica bíblicas em favor de um
argumento teológico. Isto é distorcer as Escrituras.
Os chamados "sábados cerimoniais" eram
os dias de festa ("heorte", as comemorações mensais) e as luas
novas ("noumenia", as comemorações anuais). "Sabbaton"
não tem nada haver com tudo isto, e nem com os sacrifícios no Templo,
mas com o dia de Sábado, o dia semanal, o dia de descanso.
Ora, se São Paulo não está ser
referindo à observância do sétimo dia, por que então relacionou "sabbaton"
à lista das observâncias judaicas que deveriam ser esquecidas pelos
Cristãos?
Mas qual é o argumento teológico o qual
os sabatistas tanto se prendem para aplicar à palavra "sabbaton" de Cl
2,16 um sentido que ela não tem?
A suposta divisão da Lei mosaica em lei cerimonial e lei
moral
Os sabatistas dividiram a Antiga Lei dos
Judeus em duas: cerimonial e moral. Onde a lei moral foi proferida por
Deus, escrita pelo dedo Deus em tábuas de pedra e colocada dentro da
Arca da Aliança; por isso deverá permanecer firme para sempre, não foi
destruída por Cristo na Cruz. Ainda segundo eles, a lei cerimonial foi
ditada por Moisés, escrita por Moisés num livro, nada aperfeiçoou, foi
posta ao lado da Arca; por isso é revogável, foi cravada na cruz.
Eles referem-se aos Dez Mandamentos como
lei moral e ao restante como lei cerimonial.
A resistência deles quanto ao ensino de
Paulo em Cl 2,16, deve-se por acreditarem que nenhuma letra dos dez
mandamentos foi revogada por Cristo, onde a observância do Sábado é o
quarto.
Não negamos que em todas as observâncias
divinas existe uma Lei Moral, que tem seu núcleo dos Dez Mandamentos. O
problema apresentado pela teologia sabatista é que esta faz uma
divisão arbitrária da letra, como se não houvesse moral nos
ensinamentos mosaicos ou dos profetas.
Todo cerne desta questão se deve a duas
coisas: 1) a falsa não distinção entre as observâncias divinas:
decálogo, lei mosaica e os profetas 2) a verdadeira distinção entre a
letra e o espírito destas observâncias.
Sobre o primeiro item, dizemos que todas
as observâncias judaicas foram dadas por Deus, e por isso, todas elas
foram recebidas com igual reverência, como um único conjunto coeso.
Isso é testificado no Êxodo: "O Senhor disse a Moisés: 'Sobe para
mim no monte. Ficarás ali para que eu te dê as tábuas de pedra [10
mandamentos], a lei [Torah escrita] e as ordenações [Torah oral] que
escrevi para sua instrução'" (Ex 24,12).
A distinção que os sabatistas forçam
entre o Decálogo (os Dez Mandamentos) e a Torah (Lei de Moisés), não é
fruto do pensamento judaico comum:
"O Talmude, a propósito de um ponto
em discussão, lembra: 'A lei mandava recitar todos os dias os dez
mandamentos. Por que não os recitam mais, hoje? Por causa das
maledicências dos minim [os dissidentes]; para que estes não possam
dizer: 'Estes somente foram dados a Moisés, no Sinal' (Talmud Jer.
Berakot 1 ,3c). Segundo estes minim, Deus só pronunciou os dez
mandamentos (Dt 5,22); as outras leis são atribuídas a Moisés. A
recitação diária do decálogo, na oração comunitária, favorecia
indiretamente esta idéia de que provocava certo desprezo pelas outras
leis. A fim de evitar este mal-estar,o judaísmo ortodoxo - talvez nos
círculos de Iabne [ou Jâmnia], no fim do século 1 d.C. -suprimiu do
serviço sinagogal cotidiano a recitação do decálogo" (LOPES, 1995).
Conforme lemos, a distinção proposta
pelos sabatistas foi condenada pelos próprios judeus. Mas os sabatistas
ensinam que Jesus revogou a lei na cruz, porque esta estava fora da
Arca da Aliança.
Note que quando o jovem rico perguntou a
Cristo "Mestre, qual é o grande mandamento na lei?" (Mt 22,36),
Jesus não lhe perguntou: "qual lei" A moral ou cerimonial?; tão pouco
lhe disse: "você está falando dos Dez mandamentos ou da Lei de Moisés ou
dos Profetas?".
Ao contrário, o Evangelista nos relata
que "Respondeu Jesus: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração,
de toda tua alma e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a
ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas"
(Mt 22,37-40).
Ora, foi o próprio Cristo que resumiu
todo o ensinamento do AT nas palavras acima. Perceberam isso? Toda a
lei e os profetas, o Senhor resumiu em duas grandes ordenanças. A
primeira delas encontramos no Deuteronômio: "Amarás, pois, o Senhor
teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as
tuas forças" (Dt 6,5). A segunda está no Levítico: "Não te
vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo: mas amarás o
teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor" (Lv 19,18).
Com efeito, estas duas ordenanças fazem
parte do Livro que foi colocado do lado de fora da Arca da Aliança: "Tomai
este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca da aliança do SENHOR
vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti" (Dt
31.26). Entretanto, se a tese dos sabatistas estivesse correta, Jesus
ao responder ao jovem rico, escolheria dois itens do decálogo e não da
Lei Mosaica; ou ainda; poderia dizer ao Jovem que o que importava eram
os Dez Mandamentos porque estavam dentro da Arca.
O próprio Cristo ensinou que não veio
revogar a lei ou os profetas (cf. Mt 5,17-18). Com efeito, nos
capítulos 5 a 7 do Evangelho segundo São Mateus, encontramos a
catequese do Senhor sobre a Lei, isto é, o que a Lei realmente ensina.
Aí, o Senhor, restaura o verdadeiro sentido de todas as observâncias
dadas no AT. Esta sim é a verdadeira Lei Moral, que na belíssima
exposição do Senhor se resume nos dois grandes mandamentos recomendados
ao jovem rico (cf. Mt 22,37-40).
É esta Lei Moral que não foi revogada na
Cruz, que possui seu núcleo no Decálogo, não na letra, mas no que Deus
queria por ele ensinar. Conforme lemos no Êxodo: "O Senhor disse a
Moisés: 'Escreve estas palavras, pois são elas a base da
aliança que faço contigo e com Israel'. Moisés ficou junto do
Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E
o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez
palavras" (Ex 34,27-28) (grifos meus).
Sendo a Arca o símbolo do Acordo de Deus
e Seu Povo, e o Decálogo o núcleo de todo o ensinamento moral que Deus
queria transmitir aos judeus, quis o Senhor que as tábuas com "as
dez palavras" fossem postas dentro da Arca da Aliança,
simbolizando assim a alma do pacto dentre o Senhor e Seu povo: o amor a
Deus e ao nosso semelhante (cf. Mt 5,17-18).
O que Jesus revogou na Cruz?
Os sabatistas adoram dizer para nós que observamos o Domingo:" Onde
Jesus diz que mudará o Sábado para o Domingo? Onde Ele autorizou tal
mudança?". Aí eu respondo: "no mesmo lugar onde Ele diz que revogará a
Lei de Moisés".
Nossos contendores dizem que o Decálogo é irrevogável pelas razões
que já apresentamos -, e por isso o Sábado é irrevogável. Ora,
ordenanças como os sacrifícios do Templo, as observâncias dos dias de
festa e luas novas e o Grande Dia da Expiação, por exemplo, foram dadas
pelo próprio Deus como irrevogáveis (cf. Lv 23,14; Lv 16,29-34; Ez
46,14; 2Cr 2,4). Então por que os sabatistas não as observam?
Com efeito, o Profeta Isaías testemunha que toda Lei é irrevogável: "A
terra foi profanada por seus habitantes, porque transgrediram as leis,
violaram as regras e romperam a aliança eterna" (Is 24,5).
Antes que alguém se confunda, achando que estamos defendendo para os
nossos dias, a observância da Lei de Moisés, a questão será
esclarecida pelas palavras de São Paulo:
"Não há dúvida de que vós sois uma
carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com
tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra,
mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações" (2 Cor 3,3)
(grifos meus).
Aqui São Paulo ensina que a lei que os
fiéis trazem em seu coração é mais excelente que a lei que foi escrita
em "tábuas de pedra". Ora, que lei mais excelente é esta? É
o Santo Evangelho pregado pelos apóstolos ("sois uma carta de
Cristo, redigida por nosso ministério") confirmado pela ação do
Espírito Santo ("escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus
vivo"). Não é este um belo ensino para os guardadores das tábuas de
pedra?
Então São Paulo continua:
"Tal é a convicção que temos em Deus
por Cristo. Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum
pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que
nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e
sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica"
(2 Cor 3,4-6) (grifos meus).
Percebam, amados no Senhor, que o que
foi revogado na Cruz foi a letra da Lei e não o seu espírito, isto é, o
que a Lei queria ensinar. Por isso Jesus, disse que não veio revogar a
Lei, mas dar-lhe seu fiel cumprimento (cf. Mt 5,17-18). Por isso, o
Cristianismo é o fiel cumprimento do Judaísmo, não segundo a letra, mas
segundo o Espírito.
São Paulo ainda tem outro recado os observadores das tábuas de
pedra:
"Ora, se o ministério da morte, gravado com
letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel
não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor
de sua face (embora transitório), quanto mais glorioso não será o
ministério do Espírito! Se o ministério da condenação já foi
glorioso, muito mais o há de sobrepujar em glória o ministério da
justificação! Aliás, sob esse aspecto e em comparação desta glória
eminentemente superior, empalidece a glória do primeiro ministério.
Se o transitório era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece!"
(2 Cor 3,7-11).
Não é este evento referido por São Paulo que encontramos no livro do
Êxodo? Vamos conferir:
"Moisés ficou junto do Senhor
quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E o
Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez palavras.
Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei.
Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de seu rosto se
tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor. E, tendo-o
visto Aarão e todos os israelitas, notaram que a pele de seu rosto
se tornara brilhante e não ousaram aproximar-se dele" (Ex
34,28-30) (grifos meus).
Vejam, amados do Senhor, São Paulo chama
as ordenanças do Decálogo de "ministério da morte", "transitório",
"ministério da condenação", este que "em comparação desta
glória eminentemente superior, empalidece a glória do primeiro
ministério". Por acaso São Paulo está ensinando que o Decálogo é
irrevogável como crêem os sabatistas?
Desta forma, o que o Senhor Jesus aboliu
na Cruz do Calvário (cf. Cl 2,14) foi a letra de todas as ordenanças
do AT e não seu espírito, o que incliu o Decálogo.
A verdadeira Lei Moral, conforme
ensinada por Cristo (cf. Mt 5-7) tem seu fiel cumprimento e excelência
na Fé Cristã, na pregação dos Apóstolos, corroborando com as Santas
Palavras do Salvador, que afirmou que traria a Lei à perfeição (cf. Mt
5,17).
Permita também a Misericórdia Divina que
nossos contendores percebam que o "descanso Sabático" referido
na carta aos Hebreus, não se trata da observância do Sábado semanal,
mas do descanso do Justos que morreram na amizade do Senhor.
Ceia do Senhor, cerimônia de adoração a Deus
Todos os sabatistas reconhecem que a
"Ceia do Senhor" era observada no primeiro dia da Semana, isto é,
Domingo. Eles imaginam que esta ceia era uma mera reunião gastronômica,
uma espécie de refeição comunitária entre os fiéis.
Ora, a advertência paulina contra este
tipo de pensamento é exatamente o tema do Capítulo 11 de sua primeira
carta aos Coríntios: "Desse modo, quando vos reunis, já não é para
comer a ceia do Senhor" (1 Cor 11,20).
Muitos cristãos iam só para comer e
beber, e São Paulo os repreende ensinando que a "Ceia do Senhor"
não é uma mera refeição, conforme atestamos nos versículos abaixo:
"porquanto, mal vos pondes à mesa,
cada um se apressa a tomar sua própria refeição; e enquanto uns têm
fome, outros se fartam. Porventura não tendes casa onde comer e
beber? Ou menosprezais a Igreja de Deus, e quereis envergonhar
aqueles que nada têm? Que vos direi? Devo louvar-vos? Não! Nisto não
vos louvo..." (1 Cor 11,21-22) (grifos meus).
Toda vez que participamos de um almoço
comunitário o objetivo é comermos e bebermos na presença dos irmãos.
Mas São Paulo deixa muito claro que a "Ceia do Senhor" não é um almoço
comunitário.
Com efeito, antes destes versículos,
São Paulo dá várias instruções de como os fiéis devem se portar na
celebração cristã de Culto ao Senhor. Após os versículos 20 a 22 fica
mais que claro que o Apóstolo fala da celebração Eucarística, isto é, o
oferecimento do Sacrifício de Cristo sob as espécies do pão e do vinho
e a comunhão destas espécies entre os fiéis, tal como Jesus ensinou:
"Então Jesus lhes disse: Em verdade,
em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não
beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a
minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei
no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o
meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e
bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me
enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha
carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná
que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá
eternamente. Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum"
(Jo 6, 53-59) (grifos meus).
Uma reunião entre fiéis, que possui
ministro, manifestação do Espírito Santo, cânticos, leituras, comunhão
do Corpo e Sangue do Senhor, isso por acaso se parece com um almoço
comunitário?
A associação da "Ceia do Senhor"
como celebração de culto de adoração a Deus é mais que evidente na
primeira carta paulina aos Coríntios. Mas para isto os sabatistas fazem
vistas grossas.
É ponto pacífico entre todos os
cristãos, imagino - que a "Ceia do Senhor" se dava no primeiro
dia da semana.
O Testemunho dos Santos Mártires
Os sabatistas dizem antes do Concílio
de Nicéia (325 d.C.) a Igreja Cristã era pura e sem mácula e que
Constantino paganizou a Igreja, começando pela institucionalização do
domingo como dia de Culto.
A tese deles é desmascarada quanto
trazemos ao conhecimento público, textos anteriores a este período que
testificam a associação comprovada nas cartas paulinas: Ceia do Senhor +
Culto de Adoração + Primeiro dia da semana (ver a parte I deste
artigo). Note o leitor que os textos trazidos à tona, não são casos
isolados, mas são textos escritos pelo punho dos próprios discípulos
diretos dos Apóstolos: Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna,
Pápias de Hierápolis, Clemente de Roma e etc.
Quando apresentamos seus textos, os
sabatistas alegam que eles traíram seus mestres e adotaram doutrinas
pagãs.
Ora, todos eles foram homens célebres e
amados pela cristandade antiga, devido à sua grande fidelidade à
Doutrina que receberam dos apóstolos, todos eles, sem exceção foram
mortos por causa do Evangelho, exatamente porque não queriam confessar a
doutrina do Império Romano. Como pode então, os sabatistas imputarem a
estes heróis da Fé, a adoção de doutrina pagã?
Os sabatistas não conseguem apresentar
nenhuma prova material de suas teses. Não conseguem trazer a público um
único texto dos quatro primeiros séculos, de autoria de um dos
discípulos dos apóstolos ou dos discípulos de seus discípulos, que
corrobore seus argumentos. Com efeito, uma maneira de provar que os
mártires acima citados traíram seus mestres (os apóstolos) é
apresentando textos de outros discípulos dos apóstolos, que testifiquem
a guarda do Sábado. Mas os sabatistas são incapazes de fazê-lo.
Primitivos cristãos: sabatistas ou judaizantes?
Quanto ao texto dos antigos cristãos, o
máximo que os sabatistas fizeram até hoje é referir-se a textos de
Epifánio de Salaminca (séc. III) e Santo Agostinho (séc. V), onde os
mesmos referem-se a existência de cristãos que guardavam o Sábado.
Com efeito, não só eles, mas outros
célebres cristãos da antiguidade (Cipriano de Cartago, Atanásio de
Alexandria, São Jerônimo, Fílon de Alexandria, Orígines, etc), fizeram
tal referência, nos informando também que estes cristãos também
guardavam a Lei Mosaica. Estamos falando de cristãos judaizantes e não
de cristãos sabatistas.
Este grupo tem origem naqueles "da
parte de Tiago" (cf. Gl 2,12) que não aceitaram as determinações do
Concílio de Jerusalém (cf. At 15-16). Como podem ser eles a verdadeira
Igreja, os verdadeiros cristãos, os remanescentes?
A falsa associação do Domingo cristão com o paganismo
Teimam em insistir que o Domingo tem
origem pagã, só porque este era o dia do deus Sol, dos pagãos. É mesma
coisa se eu afirmasse que o Sábado em origem na adoração de Saturno,
embora muitas provas mostrem o contrário. Contra os sabatistas,
traremos o testemunho do advogado cristão Tertuliano, que viveu a mais
de cem anos antes do Concílio de Nicéia:
"Outros, de novo, certamente com
mais informação e maior veracidade, acreditam que o sol é nosso deus.
Somos confundidos com os persas, talvez, embora não adoremos o astro do
dia pintado numa peça de linho, tendo-o sempre em sua própria órbita. A
idéia, não há dúvidas, originou-se de nosso conhecido costume de nos
virarmos para o nascente em nossas preces. Mas, vós, muitos de vós, no
propósito às vezes de adorar os corpos celestes moveis vossos lábios em
direção ao oriente. Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para
nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores
do sol. Temos alguma semelhança convosco que dedicais o dia de Saturno
(Sábado) para repouso e prazer, embora também estejais muito distantes
dos costumes judeus, os quais certamente ignorais" (Tertuliano 197
d.C. Apologia part.IV cap. 16).
Como vimos, Tertuliano testifica que a
da guarda do primeiro dia da semana pelos cristãos, possui motivo
próprio e muito diverso dos pagãos: "Da mesma maneira, se dedicamos o
dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da
dos adoradores do sol".
Não é estranho que a mesma Igreja que
deu mártires a Deus, exatamente porque não se curvou à religião do
Império, tenha aceitado "sem piscar os olhos" uma observância pagã? Será
mesmo que a Igreja no MUNDO INTEIRO tenha traído tão facilmente a
doutrina dos apóstolos, como alegam nossos contendores?
Conclusão
Acredito que este terceiro opúsculo,
juntamente com os outros dois anteriores, tenha tratado sobre o Dia do
Senhor de forma satisfatória.
Muito simples é a apresentação de um
argumento teológico com aparente suporte bíblico, até os Espíritas
fazem isso em seu "Evangelho segundo o Espiritismo".
Ora, pode haver fonte mais segura sobre a
pregação dos apóstolos do que o testemunho de seus discípulos
pessoais, aqueles que ouviram a pregação de sua própria boca? Homens
estes que devido à tamanha fidelidade à doutrina recebida de seus
mestres, morreram por amor a Cristo? Eu creio que não e cada um faça
seu próprio juízo.
Esta é a diferença entre a apologética
objetiva e sóbria daquela baseada em faltas conjecturas, atropelamento
das regras de hermenêutica e exegese bíblicas associado a uma total
falta de prova material que corroborem suas teses.
Referências Bibliográficas
LOPES, Félix Garcia. O Decálogo. São Paulo: Paulus, 1995. p.
35.
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Creditos: fernando nascimento e site veritatis