SENADO ACARINHA XUXA E APROVA LEI DA PALMADA
Por Hermes Rodrigues Nery
"As
ideologias amiúde são fontes de totalitarismo; elas imaginam que os
direitos têm por fonte o poder do Estado e que é o Estado que concede á
família seus direitos; elas tendem a ver a família, fundada sobre o
matrimônio, um obstáculo" - Cardeal Alfonso López Trujillo
O Senado aprovou a Lei da Palmada,
com Xuxa sentada ao lado de Renan Calheiros. Senadores pediam desculpas
à Rainha dos Baixinhos pelo vexame que ela passou na Câmara dos
Deputados, quando o Pastor Eurico teve de dizer-lhe algumas verdades na
cara, do filme pornô que ela fez em cenas com um menino de doze anos,
etc. Mas tudo isso agora são águas passadas.
No
Senado, estenderam-lhe o tapete vermelho e a paparicaram, fazendo
triunfar a lei que tira a autoridade dos pais em educar seus filhos. A
família é a única instituição (primeira e principal) capaz de
desenvolver plenamente a pessoa humana, quando balizada no direito
natural. Não compete ao Estado intervir nesta instância, na intimidade
desta realidade, e quando isso ocorre, historicamente já se comprovou o
fracasso do Estado nesta usurpação, e são bem conhecidas as
conseqüencias sociais danosas decorrentes desse atentado, as condições
de asfixia sofrida pela família, que se vê privada de suas inteiras
prerrogativas, comprometendo assim a dignidade da pessoa humana. Com o
pretexto de combater a violência, o Estado comete outras ainda piores.
Em
Antígona e Creonte, Sófocles expressa com lucidez, a tensão desse
conflito (Família-Estado), quando o Estado se volta contra a família. E
Sófocles coloca justamente uma personagem feminina para se contrapor ao
abuso do Estado, e o coro "não se cansa de falar da transgressão da
medida", como ressalta Werner Jaeger: "É especialmente significativo que
seja a primeira vez que a mulher aparece como representante do humano,
ao lado do homem, com idêntica dignidade". E Antígona sabe que por
defender a prerrogativa da instituição familiar (anterior ao Estado),
aceita a dor decorrente desta defesa, daí a sua nobreza. Mas não se
deixa capitular (como muitas "almas mortas" de hoje) e sai em defesa da
família. Antígona, "para cumprir a lei não escrita e obedecer ao mais
simples dever fraterno, afronta com plena consciência o decreto tirânico
do rei, que baseado na força do Estado, proíbe-lhe, sob pena de morte,
que dê sepultura ao seu irmão Polinices, morto em combate contra a
própria pátria". Este tema candente fez Sófocles chamar a atenção sobre
"as leis eternas da piedade contra as usurpações do Estado". E assim
hoje, entre nós, com a aprovação da Lei da Palmada, deixamos a família
de tal modo vulnerável e fragilizada, que certamente o coro da história,
como sempre diante desses casos, clamará contra tal transgressão.
A
Rainha dos Baixinhos, sentada ao lado de Renan Calheiros é aquela cuja
história de vida tudo fez para atentar contra a dignidade da família,
da mulher, bem de acordo com o feminismo radical, usando agora o Estado
para ferir a instituição familiar e também da dignidade da mulher, em
vários aspectos, para tolher a autoridade dos pais em educar os filhos.
Bóris Casoy
foi enfático ao dizer que o Estado não deve "meter o bedelho" na
instância familiar. Mas Xuxa não está nem aí. O que está feito, está
feito e a lei segue para sanção presidencial. Como já foi afagada por
Dilma Roussef, após ser constrangida na Câmara, é certa a sanção da
Presidente dando mais esse duro golpe contra a família, de modo
especial, a autoridade dos pais, precarizando ainda mais a fragilíssima
situação da família no Brasil. Com isso, o Estado volta-se contra a
família, sob os aplausos de muitos coniventes e o silêncio até de
religiosos, que preferem não falar mais nada, pois muitos se acham
impotentes e optam pelo indiferentismo.
É
clássica a sabedoria de que "a criança entregue a si mesma torna-se
temerária" (Eclo 30, 8). Ninguém é a favor da violência contra crianças e
nem contra as mulheres, mas o Estado não pode chegar até à intimidade
de cada família, de cada realidade familiar, para privar o direito dos
pais corrigirem os filhos, quando necessário, para evitar que a referida
omissão provoque os danos sociais de anarquia, barbárie e crescente
violência.